segunda-feira, 21 de março de 2016

Embarque e chegada

Oi gente,

Como introdução a esse ano que acabou de começar, resolvi publicar algumas coisas que vim escrevendo durante a viagem e um pouco de como foi quando cheguei aqui. Desta vez meu objetivo não é criar um diário, mas publicar fatos interessantes, curiosidades e experiências. Agora o Dei no pé! começou de verdade! I hope you all enjoy it!

Aeroporto Afonso Pena, São José dos Pinhais


11:37 - No céu, sob algum lugar em São Paulo
Cá estou eu, sentado em minha poltrona no avião com destino a Guarulhos/SP, tentando entender o que é que está acontecendo. A ficha realmente ainda não caiu... É difícil de compreender que não vou ver Curitiba durante um ano. Difícil entender que deixei todo mundo que amo atrás daquele portão de embarque. Difícil entender as várias lágrimas que caíram naquele saguão. E, ao mesmo tempo, uma explosão de felicidade! Alcancei o que tanto eu buscava, o que tanto eu corri atrás.  
Não sei o que me aguarda, não sei quem me aguarda, não sei pelo que vou passar lá. São tantas incertezas que acho que meu cérebro deu tela azul. Resolveu interpretar as coisas do jeitinho dele... Essa máquina pensante que temos dentro de nós é bem instável. 
Durante as últimas semanas não dormi bem, tive sonhos confusos e muita ansiedade. Acordava pensando "Caralh*! Vou pra Índia! Quantos já tiveram uma oportunidade dessas?!", mas em outras manhãs era algo do tipo "Meu Deus. No que é que eu me meti... Índia?!". Uma montanha russa de emoções. 
Acho que meu estado é de êxtase. Ou algo parecido para o qual eu não encontrei adjetivo. Desde 2013 venho sonhando com a minha próxima aventura pelo mundo... Três anos depois estou em um avião, eu comigo mesmo, com destino a meu próximo intercâmbio. Unbelievable. 
Por enquanto ainda estou segurando as pontas, eu acho. A situação vai apertar quando eu sair de solo brasileiro e virar the gringo. Ou vai aliviar, who knows. Não tem jeito. Uma vez intercambista, sempre um. Parece que esse frio na barriga é o que me move. Não sei. Gosto do desconhecido, mas tenho medo dele. Acho que faz parte da brincadeira. 
02:55 - Sobre o English Channel, próximo a Saint Helier, Jersey Island, UK.
Estou muito cansado! Poltronas da classe econômica definitivamente não foram feitas para pessoas com 1.90m (Nem para crianças que não param de chorar, ok vizinhos?!). Acabei de tomar café da manhã e agora estou esperando o anuncio da aeromoça sobre cartões de imigração acabar. Não precisarei preencher um porque vou apenas fazer conexão em Londres. 
Mal vejo a hora de chegar ao meu destino final... mas ainda tenho 4 horas de espera e 8 de vôo para Délhi.  O aviso para afivelar os cintos de segurança já foi dado, 40 minutos para aterrissagem no aeroporto de Heathrow. Estou animado para conhecer o UK. Nem que seja de dentro do aeroporto (ou qualquer lugar fora dessa poltrona). A diferença de horário já é de +3h com temperatura de 5 graus Celsius. 
07:24 - Aeroporto de Heathrow, Londres, UK 
Depois de descer do avião, passei por todo aquele procedimento de entrada em um país estrangeiro e peguei o metrô para o outro lado do aeroporto. Minha cabeça já começou a estranhar os inúmeros sotaques e idiomas que falavam perto de mim. Era hora de usar aquele meu inglês enferrujado de três anos atrás. 
Ao descobrir qual seria meu portão de embarque, vaguei um pouco pelas lojas de souvenir e por restaurantes londrinos chiques, me enrolando para pegar o metro mais uma vez (que fechou as portas em mim). Agora, estou sentado esperando o embarque ser liberado. Ao meu redor estão somente indianos ou pessoas com feição de turista. Queria poder ver minha cara nesse momento... Vamos ver o que me espera daqui 8 - longas - horas de viagem. Here I go, India. 
03:00 – Nova Deli, India
A AIESEC disse que ao chegar Índia eu teria alguém esperando por mim no aeroporto, responsável por me levar até a acomodação mediante o pagamento de 20 dólares. Levei aproximadamente uma hora para fazer o desembarque e passar pela imigração. Quando saí do aeroporto fiquei receoso, porque eu não poderia retornar para dentro dele sem ter uma passagem aérea válida (regras daqui).
Depois de deixar o aeroporto procurei o Portão 6, onde teoricamente estariam me esperando. Em meio aos vários taxistas me oferecendo uma corrida, percebi que estava esperando na coluna número 6, e não no Portão. Fui até o lugar certo e encontrei uma multidão de gente desembarcando/aguardando desembarques. Procurei, e com sorte, pude achar o menino que era responsável por mim.
Entramos no carrinho surrado dele e assim tive meu primeiro contato com o caótico transito indiano. Andamos quase 20 minutos para acercar a minha acomodação. Ele pediu para que eu descarregasse as malas e as pusesse naquela rua não muito aprazível.
Após tocar a campainha, um homem mal-apessoado surgiu e trocou algumas palavras em hindi – que não soaram nada gentis – com o menino. E eu ali sem entender nada. Por fim, ele me disse que era ali que eu iria ficar e pela manhã eu saberia qual era meu quarto.
Subi até o quarto andar com aquele homem, que me levou a um apartamento em que fui recebido por outro menino falando hindi. E pela situação, interpretei que era ali que eu iria dormir. Colchão duro, sem roupa de cama nem travesseiro, casa suja e um estranho roncando ao meu lado... imagina só o psicológico da pessoa.
Depois de muita luta, acabei dormindo e acordando só no outro dia de tarde.
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