Me debati bastante durante a noite e acordei assustado ao
ouvir o menino do Afeganistão (Mustafá) conversando com a holandesa (Lindy).
Cumprimentei a menina com um beijo no rosto – por força do hábito – e ela ficou
toda sem jeito. Trocamos algumas palavras sobre a minha viagem até me mostrarem
a casa e um quarto espurco, onde eu passaria a viver.
Tomei um banho frio porque não sabia ligar o aquecedor e,
tampouco, qual das torneiras era quente. Os dois me convidaram para ir comer em
um café próximo, The Village Café. No
caminho até lá tive o primeiro contato com o meu bairro, que foi um tanto impactante: uma realidade completamente diferente do que estou (ou estava) acostumado no Brasil.
The Village Café, Kishangarh (Fonte: Reprodução) |
Na hora de pagar meu chicken
burguer descobri que o lugar não aceitava cartões e muito menos dólares,
sendo assim a holandesa teve que fazer as honras. Depois disso voltamos ao
apartamento e em seguida fomos ao prédio dos outros intercambistas.
Pensei que o lugar seria longe, mas fica literalmente ao
lado de onde eu moro. Lá conheci a menina da Indonésia (Icha), uma alemã
(Judith) e, pasmem, um brasileiro. Ao conhecer o Felipe me senti menos
assustado com tudo e pude perguntar tudo o que eu queria saber. Querendo ou
não, brasileiro é farinha do mesmo saco.
Passamos o dia no quarto apertado deles e no final da tarde
conheci o resto do pessoal. A noite fiz minha primeiro corrida com um auto
rickshaw – famoso tuktuk – com destino a um bairro com restaurantes, bares e
baladas daqui: Hauz Khas Village. A
primeira vista eu estava morrendo de medo daquele troço tombar ou bater, mas
cheguei vivo.
Hauz Khas Village (Fonte: Reprodução) |
Fomos até um bar/balada chamado Moonshine, no terceiro andar de um prédio. E logo de cara já percebi
algumas peculiaridades da vida noturna indiana: 1. A vida não é tão noturna
assim. As baladas começam as 22h e fecham no máximo a 01:30; 2. Bebidas lá
dentro são muito caras. Por exemplo, uma cerveja custa R$23; 3. É permitido
fumar dentro das baladas, eles inclusive vendem narguilés; 4. Indianos dançam
de um jeito completamente estranho; 5. É completamente normal esbarrar em
alguém e não falar nada; 6. Para não pagar, ou você tem contatos para entrar ou vai em alguma noite com entrada free.